quarta-feira, 2 de abril de 2014

Meditando com o Cordão Salomonita

Bispo Felismar Manoel




Na rotina do Monastério Compaixão Sagrada (Monasterio Hieroseleos), o que institucionalmente nós denominamos de  “Costumeiro”, usamos o Cordão Salomonita, ou Cordão das Misericórdias do Cristo, para as meditações e preces. A práxis do mosteiro é facilitar a relação do monge na sua sintonicidade com o Uno Sagrado, o Eterno Vivente Universal e a sua permanente tarefa de colocar-se em adequação com os planos divinos da ordem criada; por isso medita-se e ora-se em busca da  “sínesis” com a Sabedoria Sagrada (a Hagia Sofia) dos cristãos gregos da Igreja Primitiva.
O Cordão Salomonita, ou Cordão das Misericórdias como era chamado na Igreja Primeva, facilita a nossa reflexão, nas meditações e orações em forma de preces, para manter tal união com o Sagrado.
Quero aqui refletir com vocês sobre o ato de tomar o cordão na hora de meditar e orar. Ao tomar o cordão, coloca-o em arco em torno de uma das mãos e com a outra segura as cordas terminais unidas em quatro nós e faz as reflexões e meditação sobre as palavras de João em seu evangelho, quando afirma que  “ Deus amou o mundo de tal maneira, que enviou o seu Filho Unigênito, para que todo aquele  que nele crê, não pereça mas tenha a vida eterna ”. Sublime amor este  da Deidade Absoluta pela humanidade do mundo, que não poupa uma das Pessoas Divinas e a envia para assumir nossa   “humanidade” e mostrar-nos o correto caminho.
Ao segurar nas duas cordas unidas em quatro nós na outra mão, reflete e medita-se no fato de Jesus Cristo, sendo o Filho de Deus, já possuir uma natureza divina, e ao tornar-se humano também, assumir a nossa natureza e resgatar a sua dignidade de filha de Deus, o que houvera perdido pela descendência da Adão e Eva. Assim Jesus Cristo resgata a nossa dignidade de filhos de Deus.
Ao refletir nos quatro nós do cordão, segura-se no primeiro e reflete-se e medita-se no fato da misericórdia de Deus ter concedido sua ordenança para as famílias, dizendo  “Escuta Israel, nosso Deus é o único Senhor; amarás pois ao Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua força; esta ordenança deve estar presente em tua vida, nos teus pensamentos, no teu coração e nas tuas ações; deve ela ser a marca no teu corpo (tefilim) e a marca na tua casa (mezuzá). Deve ser a tradição da tua família, transmitida de pais para filhos, da boca ao ouvido, por todas as gerações”.
No segundo nó medita-se na ordenança do Decálogo, dado ao povo, para que este se organizasse em sociedade e nação; no terceiro nó, reflete-se e medita-se nas crenças básicas que os doze apóstolos compuseram para orientar a fé da Igreja Cristã Apostólica; e no quarto nó, medita-se e ora na oração que Jesus Cristo ensinou, conforme a doxologia final da tradição da Didaquê.
Como vêm meus irmãos e minhas irmãs, só mesmo este tocar e portar o Cordão Salomonita, conforme o seu uso na Tradição da Igreja Apostólica, já nos coloca em sintonia com os planos de Deus revelados em Cristo e propagados pelos apóstolos. O seu uso traz-nos uma profunda segurança e paz de espírito. Voltaremos a refletir sobre ele.
Que Deus abençoe a todos.
Dom Felismar Manoel
Catolicismo Apostólico Salomonita

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