Bispo
Felismar Manoel
Na
rotina do Monastério Compaixão Sagrada (Monasterio
Hieroseleos), o que institucionalmente nós denominamos de “Costumeiro”, usamos o Cordão Salomonita, ou
Cordão das Misericórdias do Cristo, para as meditações e preces. A práxis do mosteiro é facilitar a relação
do monge na sua sintonicidade com o Uno Sagrado, o Eterno Vivente Universal e a
sua permanente tarefa de colocar-se em adequação com os planos divinos da ordem
criada; por isso medita-se e ora-se em busca da
“sínesis” com a Sabedoria
Sagrada (a Hagia Sofia) dos cristãos
gregos da Igreja Primitiva.
O
Cordão Salomonita, ou Cordão das Misericórdias como era chamado na Igreja
Primeva, facilita a nossa reflexão, nas meditações e orações em forma de
preces, para manter tal união com o Sagrado.
Quero
aqui refletir com vocês sobre o ato de tomar o cordão na hora de meditar e
orar. Ao tomar o cordão, coloca-o em arco em torno de uma das mãos e com a
outra segura as cordas terminais unidas em quatro nós e faz as reflexões e
meditação sobre as palavras de João em seu evangelho, quando afirma que “ Deus
amou o mundo de tal maneira, que enviou o seu Filho Unigênito, para que todo aquele
que nele crê, não pereça mas tenha a
vida eterna ”. Sublime amor este da
Deidade Absoluta pela humanidade do mundo, que não poupa uma das Pessoas
Divinas e a envia para assumir nossa
“humanidade” e mostrar-nos o correto caminho.
Ao
segurar nas duas cordas unidas em quatro nós na outra mão, reflete e medita-se
no fato de Jesus Cristo, sendo o Filho de Deus, já possuir uma natureza divina,
e ao tornar-se humano também, assumir a nossa natureza e resgatar a sua
dignidade de filha de Deus, o que houvera perdido pela descendência da Adão e
Eva. Assim Jesus Cristo resgata a nossa dignidade de filhos de Deus.
Ao
refletir nos quatro nós do cordão, segura-se no primeiro e reflete-se e
medita-se no fato da misericórdia de Deus ter concedido sua ordenança para as
famílias, dizendo “Escuta Israel, nosso Deus é o único Senhor; amarás pois ao Senhor teu
Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua força; esta
ordenança deve estar presente em tua vida, nos teus pensamentos, no teu coração
e nas tuas ações; deve ela ser a marca no teu corpo (tefilim) e a marca na tua
casa (mezuzá). Deve ser a tradição da tua família, transmitida de pais para
filhos, da boca ao ouvido, por todas as gerações”.
No
segundo nó medita-se na ordenança do Decálogo, dado ao povo, para que este se
organizasse em sociedade e nação; no terceiro nó, reflete-se e medita-se nas
crenças básicas que os doze apóstolos compuseram para orientar a fé da Igreja
Cristã Apostólica; e no quarto nó, medita-se e ora na oração que Jesus Cristo
ensinou, conforme a doxologia final da tradição da Didaquê.
Como
vêm meus irmãos e minhas irmãs, só mesmo este tocar e portar o Cordão
Salomonita, conforme o seu uso na Tradição da Igreja Apostólica, já nos coloca
em sintonia com os planos de Deus revelados em Cristo e propagados pelos
apóstolos. O seu uso traz-nos uma profunda segurança e paz de espírito.
Voltaremos a refletir sobre ele.
Que
Deus abençoe a todos.
Dom
Felismar Manoel
Catolicismo
Apostólico Salomonita
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