quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Perfil Pastoral de Dom Manoel Ceia Laranjeira

Primeiro Patriarca do Rito Brasiliense
Prof. Dr. Felismar Manoel - Bispo Primaz




"Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" - João 8: 32
Este versículo do evangelho de Jesus de Nazaré, segundo João, é lapidar no Catolicismo Apostólico Salomonita. É esta vertente um dos fundamentos básicos da dinâmica espiritual e pastoral dos eclesianos cristãos salomonitas, tanto do clero, como dos religiosos e dos crentes fieis. Deste modo, os seus bispos pautam por este viés as suas condutas; foi assim com Dom Salomão Ferraz e também com Dom Manoel Ceia Laranjeira, conforme registram tópicos de sua Carta Pastoral de 1951 e o seu testemunho de vida pessoal:

LIVRES! POR QUE? PARA QUE?


Católicos, sim, mas também livres. Livres, pela confiança na validade absoluta do sacrifício na cruz para a salvação individual e social dos seres humanos.
Livres, na valorização dos fiéis, pela sua integração no culto, que deixa de ser um ato de afirmação de poderio clerical, para ser, como originariamente, um ato religioso e social, de que o povo participa mediante a liturgia na língua nacional.
Livres, na valorização dos ministros, que deixam de ser uma espécie de alimárias, mudas, amordaçadas, para se tornarem homens, homens livres, responsáveis, com o direito de pensar e expressar o seu pensamento, e com o direito de serem integrados na vida nacional mediante a família legitimamente constituída, segundo a regra divina e o exemplo apostólico.
Livres, para proclamar a todos os homens o santo evangelho da livre graça de Deus, e o livre acesso das almas crentes a Deus, sem embargos humanos artificiais.
Livres, para dar aos sacramentos o seu verdadeiro sentido, o seu verdadeiro valor, como selos de Deus, e não como marcas de propriedade humana de padres ou de seitas; para mostrar que o Santo Batismo, em nome de Deus, confere ao homem um título sagrado, inviolável, e que coloca o batizado em direta relação com Deus, independente dos agentes humanos e os seus caprichos; que a Eucaristia é um pacto social, novo, livre, no plano superior em que as almas crentes reafirmam sua união com Deus e a universal irmandade dos crentes, acima de qualquer política de clérigos ou de seitas que se julgam no senhorio das almas; que as sagradas ordens do ministério são selos divinos, sacramentais, sagrados, invioláveis, e não meros mandatos políticos de bispos ou de seitas; que o sacramento da penitência é destinado à cura e a saúde das almas, e não artifício para as manter na condição de perpétua invalidez; para pôr sem medo as Santas Escrituras nas mãos do povo e ensina-los a ler com reverencia e proveito a mensagem do Pai celestial.
Livres, para estender a todos os homens, e em particular aos que professam a mesma fé cristã, termos de leal e respeitosa fraternidade, independente de qualquer política de bispos, patriarcas, de papas ou de seitas.
Livres, para seguir desassombradamente a nossa vocação cristã em terras do Novo Mundo, sem necessidade de importar para aqui odiosidades e preconceitos de outras eras, de outros povos e outros climas.
Livres, para servir a toda humanidade, nos termos livres do novo pacto social, firmado no sangue da redenção, e sem esquecer – lembremos bem! – da nossa especial obrigação para com a pátria brasileira.
Livres, porque cremos na fraternidade universal dos crentes e das nações. E esta fraternidade só é possível entre homens livres, igrejas livres e povos livres.
Livres, enfim, porque esta é a única maneira em que poderá subsistir e triunfar a santa fé católica e apostólica em nossa pátria e no mundo em nossos dias.

Seus distintivos principais:


  1. A Missa e todos os atos devocionais em português, na língua que todo o povo entende (essa prática teve inicio em 1917).
  2. Todo o povo tem parte ativa e inteligente nos atos religiosos de forma responsiva, e não fica como simples espectador, dispensando a figura dos coroinhas - a Congregação se organiza em Ministérios.
  3. O padre tem permissão de ser constituído normalmente em família e integrado na pátria, como legítimo cidadão, e não obrigado a ser vassalo de uma potência política estrangeira, sendo apenas súditos de Jesus Cristo.
  4. A “confissão” auricular não é exigida do comungante normal, que traz a vida em dia segundo a pauta do Evangelho. A mais alta forma de confissão é a que Nosso Senhor encarecidamente recomenda aos seus discípulos: “De tal modo brilhe a vossa luz diante dos homens, que eles vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. Quem está empenhado em fazer uma tal confissão, não precisa preocupar-se com outras; pode ir livremente à santa mesa do Senhor, sem pedir passaporte a ninguém. Quando houver dúvidas a serem esclarecidas, isso se dá no Gabinete de Aconselhamento Pastoral
  5. O Catolicismo Apostólico Salomonita não se considera espiritualmente separado do catolicismo romano, nem do anglicano, nem do ortodoxo, nem de outros ramos da Igreja universal. Os seus termos da fraternidade são livres, amplos e generosos, como os da paz de Cristo, que é “dada”, e de “graça”, sem cálculos interesseiros. A verdadeira unidade religiosa e social é a que se encontra “diretamente” em Cristo, o grande Mediador, não somente entre Deus e os homens, mas também dos homens nas suas relações uns com os outros. O que dificulta a paz na igreja e entre as nações, são os falsos medianeiros (pretensos "vigários de Cristo"), que pretendem tomar o lugar do único Mediador, o Mediador indispensável, que é Jesus Cristo.
  6. A Igreja Católica Apostólica Livre, Independente, Autônoma, Autocéfala, ou conhecida por outros termos semelhantes, assim se denomina, porque não admite nenhum intermediário intruso, como absolutamente necessário, entre o homem e Deus, e entre os homens nas suas relações uns com os outros. A mediação “única” de Cristo devidamente reconhecida e efetivada em prática, é que torna os homens realmente livres, formando as personalidades fortes, marcadas e marcantes, moralmente disciplinadas, e que de forma alguma abdicam da própria responsabilidade pessoal nas mãos de nenhum “infalível” humano.
  7. Certamente que tem em grande estima o sacerdócio dos ministros – bispos, presbíteros, diáconos e diaconisas – como é prova a nossa presença e a solenidade de nossa Sagração Episcopal; mas não faz dos seus ministros uma “casta” divorciada do povo. Uma “classe”, sim, a classe dos serventuários do culto, mas não uma casta de arrepio com o povo.

Assim escreveu Dom Manoel Ceia Laranjeira, o paternal e Venerável Bispo do Rio de Janeiro, que em 1966 foi elevado à dignidade de Patriarca do Rito Brasiliense, de saudosa memória.

Que Deus nos abençoe a todos. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Catolicismo Apostólico Salomonita no Brasil
Dom Felismar Manoel - Bispo Primaz

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