quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Catolicismo – O Que É Isso?



Bispo Felismar Manoel
Primaz do Catolicismo Salomonita



Muitas pessoas se dizem adeptas ou seguidoras do catolicismo, mas ao conversar com elas, percebe-se não terem clareza do que significa realmente o catolicismo, nem conhecerem sua trajetória básica. Geralmente são pessoas piedosas, mas que ignoram o que seja realmente, o  próprio segmento cristão, do qual se dizem seguidoras; salvo naturalmente  a algumas exceções.

A palavra  “catolicismo”  deriva  da língua grega  “katholikos”, sendo um termo de uso na filosofia, querendo significar “geral”, “universal”, para todos,  em oposição à ideia de “particular”, “exclusivo”, afirmando portanto, a ideia do que se aplica a todos as pessoas. No caso, o termo “catolicismo”, quer dizer  um segmento da Igreja de Cristo, portanto, um sistema salvacional cristão que oferece a salvação a todas as categorias de indivíduos humanos. Logo, o catolicismo não pode ser um movimento excludente, deve ser inclusivo, possibilitando a salvação cristã a todas as categorias de seres humanos.

Os fundamentos dos ensinamentos cristãos se encontram nos evangelhos canônicos, conforme se encontram nas quatro versões que compõem o Novo Testamento; as cartas dos apóstolos que também  fazem parte do Novo Testamento, alimentam a Tradição Apostólica genuína, que deve ser seguida quando não se opõe aos  ensinamentos dos Evangelhos; o mesmo se diga do chamado Magistério dos Bispos, Patriarcas e Papas, só devem ser acatados quando não se opõem aos Evangelhos de Jesus Cristo e à Tradição Apostólica genuína. Logo a Igreja Cristã em sua legitimidade deverá ser sempre cristocêntrica; a única suditagem admitida como legítima na Igreja, é a Jesus Cristo, a quem se deve confessar Filho de Deus, Único Senhor e Salvador. O Único Chefe da Igreja é Jesus Cristo, sendo todos os demais Clérigos de qualquer grau, apenas Comissários de Jesus Cristo para o desempenho das funções eclesiais.

A organização da Igreja Cristã se deu por iniciativa dos doze apóstolos e outros discípulos, movidos pelo direcionamento do Espírito Santo de Deus no dia de Pentecostes, derramados sobre eles no décimo dia após a Ascensão de Jesus Ressuscitado aos céus. As Constituições organizativas da Igreja (seus Estatutos constitutivos) foram orientadas pelo senso apostólico, sendo por isso a Igreja denominada Cristã Apostólica. Como a natureza da salvação oferecida por Jesus Cristo é católica, ampla, oferecida para todas as pessoas, a Igreja de Cristo foi chamada Católica Apostólica nos primórdios de sua organização.

Nos primeiros tempos propriamente apostólicos, os crentes fiéis se reuniam nas Sinagogas dos judeus, sendo bem cedo expulsos das Sinagogas, passando a realizar seus cultos nas casas dos irmãos, como na casa de Maria de  Cléofas,  por exemplo. Suas primeiras comunidades se deram em Jerusalém naturalmente, se expandindo para outras regiões, pelas pregações dos apóstolos e demais discípulos de Cristo, ainda existindo comunidades de origem organizacional nas pessoas dos apóstolos, que mantém continuidade histórica até os nossos dias.

Nos primeiros tempos pós apostólicos, cinco líderes das sedes principais, unidos em consenso formavam uma Pentarquia Governativa na Igreja Católica Apostólica, gozando de prestígio e respeito dos povos, sendo reconhecidos como Patriarca de Roma, Patriarca de Constantinopla, Patriarca de Alexandria, Patriarca de Antioquia e Patriarca de Jerusalém. Essas cinco lideranças, seguiam os direcionamentos das Constituições Apostólicas e buscavam consenso para as questões gerais da Igreja Cristã, através dos Concílios Ecumênicos, durando esta conduta até o século III.

A partir do século IV, mais ou menos, o Patriarca de Roma sobressaiu-se sobre os outros quatro Patriarcas, se impondo com pretensões de hegemonia sobre todos, e, a partir daí, caminhou na substituição dos princípios das Constituições Apostólicas, em favor dos princípios da Constituição Imperial de Roma, subvertendo o conceito de definição de Igreja, considerando-a como  “sociedade perfeita” , com isto equiparando-se a Sede do Patriarcado de Roma como um Império Monárquico, com hegemonia sobre todas as Igrejas do mundo. Para consolidar essa noção de Igreja-Estado,  primeiro com os Estados Pontifícios e depois com o Estado do Vaticano, caminhou-se para a construção de  “ideologias”, “magistérios”, “dogmas”, e estratégias afins consolidadoras da hegemonia. Nada demais se tal Estado Pontifício não tivesse a pretensão de ser a própria  Igreja Cristã.  Assim, a Igreja de Roma se desenvolveu com forte perfil de política de hegemonia no Ocidente, lançando mãos de instrumentos contra-cristãos, como  a “Santa Inquisição”, o “Ultra Montanismo”,  o “Sillabus”, entre outros, decaindo muito o seu nível de práticas das virtudes cristãs, gerando no seio das comunidades, grande desejo de reformas na Igreja, sendo essa uma das intenções de Francisco de Assis e a sua Fraternidade dos Irmãos Menores.

Esse desejo de que a Igreja Cristã do Ocidente retornasse às suas bases evangélicas cristã-apostólicas e neo-testamentárias, levou ao surgimento de vários reformadores dentro da própria Igreja, consolidando-se de fato, a partir da Reforma Luterana. Assim, o catolicismo  ocidental, continua sendo um sistema  salvacional cristão, que oferece salvação para todas as categorias de seres humanos, existindo em várias partes do mundo diversas organizações católicas componentes da Igreja Cristã:
O Catolicismo Ortodoxo (o mais antigo), o Catolicismo Romano (com pretensões de hegemonia a partir do IV século), o Catolicismo Reformado (após a Reforma Luterana), o Catolicismo Evangélico, o Catolicismo Anglicano, o Catolicismo Melquita, o Catolicismo Maronita, o Vétero-Catolicismo Holandês, o Catolicismo Salomonita, o Catolicismo Brasileiro, o Catolicismo Luzitano, o Catolicismo Galicano, o Catolicismo Liberal, o Catolicismo Carismático e outros Movimentos Católicos.

O conceito proclamado de Igreja, no consenso cristão-apostólico é ser,  uma “comunidade do povo de Deus que se reúne em nome de Jesus Cristo e que  busca  o  consenso para adorar a Deus, para orar, para ministrar a palavra de Deus, para participar dos sacramentos e para implantar o reino de Deus na terra, sempre em união  os crentes fiéis,  os  pastores e outros ministros”. Portanto, a Igreja não é uma “sociedade perfeita” e sim uma “comunidade de crentes-fiéis a Jesus Cristo, como Filho de Deus”.

Assim, espero e desejo que, quem for simpatizante, adepto, ou praticante  de qualquer uma dessas tradições católicas, se instruam para conhecer as verdades históricas que envolvem  qualquer tradição católica. Devemos refletir sobre os erros que nossas tradições históricas já cometeram no passado, pedir perdão pelos pecados que cometemos enquanto instituição, fazer reparações quando possíveis e propósitos de acerto na nossa caminhada daqui para frente, nos orientando pelos ensinamento seguros do Evangelho de Jesus Cristo. Que Deus nos abençoe a todos.
Dom Felismar Manoel
Bispo Primaz do Catolicismo Salomonita
Comemoração da Transfiguração do Senhor
Dia das Vestes Litúrgicas
Em 06/08/2015

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