quarta-feira, 1 de junho de 2011

Cristãos! Quem Somos Nós! (1)


Uma definição do dicionário, diz que, “cristão é um sequaz, um adepto, ou um discípulo de Cristo” (Dicionário de Bueno, 1981). Esta definição, entretanto, não oferece clareza suficiente, quando nós estamos nos referindo ao cristão enquanto  “eclesiano”, ou seja, aquele cristão que é membro de uma congregação organizada em igreja. Vejamos:
1 – A Igreja que Cristo constrói é a Igreja enquanto  “mistério divino”. É a Igreja Interna, construída no coração dos homens e das mulheres que confessam a Jesus Cristo como Filho do Deus  vivo. É uma construção atual. Jesus Cristo em seu evangelho colocou o verbo no futuro, usando as palavras “construirei a minha Igreja”. Jesus fez esse pronunciamento, após ter perguntado aos apóstolos quem Ele era, e Simão, em consenso com os demais, respondeu, tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.  O eclesiano que  confessa Jesus Cristo como Filho de Deus, à semelhança dos apóstolos, é classificado por Jesus como uma  “pequena pedra viva”,  que unidas a outras pedras vivas, formam a laje de pedras vivas onde Ele mesmo constrói essa Igreja Interna, mistério divino, no coração dos homens e mulheres, conforme Mateus 16: 13-19; Marcos 8: 27-30; Lucas 9: 18-21, entre outros. A palavra “igreja” na língua portuguesa, deriva da palavra grega  ekklesia, e chegou até nós através da língua latina;  tem o significado de  “assembléia”, trazendo nela essa idéia de congregação, povo que atende a uma convocação de Deus, esse chamado especial que recebemos como vocação. O eclesiano é sempre alguém que atende ao chamado de Deus, para trabalhar na obra de Jesus Cristo pela implantação do Reino do Pai Supremo.   É importante  saber  que,  também  os  apóstolos  e  os  discípulos  da  Era Apostólica, acreditavam que, os cristãos eram outras pedras vivas com as quais Cristo, a Única Pedra Angular, construia a sua Igreja como Povo de Deus para um sacerdócio santo, conforme a profecia de Isaias 28: 10 e crença apostólica, Atos 4: 11; Romanos 9: 32-33; 1 Coríntios 10: 4; 1 Pedro 2:4-9.
2 – A Verdadeira Igreja, além de ser o mistério divino construído por Cristo no coração dos  eclesianos e eclesianas, através da sua firme crença de que  Jesus Cristo é o Filho de Deus, ela é também uma  “congregação de crentes fiéis”, que se reúnem e se associam como  Igreja e Povo de Deus, para se constituir em um sacerdócio santo, pois apresentam Jesus Cristo como  o  único  mediador  legítimo  entre  Deus  e o povo.  Jesus Cristo  fez promessas maravilhosas a essas congregações de cristãos. Ele disse que quando as pessoas se reunirem em nome dele, ele estará presente no meio delas. Além disso, ele prometeu que quando mais de dois  concordarem em pedir alguma coisa ao Pai, em nome dele, que isso será concedido por Deus. Ainda orientou, que quando surgir dificuldades na congregação dos crentes fiéis, em suas relações uns com os outros, que se busque advertir o irmão sobre seu erro, se não conseguir êxito, que se busque mais outro irmão e que ambos tentem dissuadir o irmão de seu erro, e se não obtiver sucesso, que leve o assunto para a congregação  buscar que decisão tomar, afirmando o chamado “poder das chaves” à congregação, dizendo que será ligado ou desligado no céu, aquilo que for ligado ou desligado pela congregação do Povo de Deus na terra, conforme relatado em Mateus 18: 15-20 e a prática apostólica em Atos 6: 1-7 e 15: 1-20. É importante  lembrar sempre, que o verdadeiro eclesiano cristão, além de crer e confessar a Jesus Cristo como Filho de Deus (condição para Cristo construir a Igreja Interna, mistério divino, em seu coração), ele segue também os ensinamentos do evangelho de Jesus e se reúne com os outros eclesianos, para adorar e celebrar a comunhão com Deus e os irmãos em Cristo (realização da Igreja Congregacional). Isto estabelece a grande diferença, pois quem confessa a Jesus Cristo como Filho de Deus, deve aceitar o seu plano de salvação oferecido, o que impõe ao verdadeiro eclesiano, a missão de viver segundo o evangelho de Jesus e de produzir obras boas pela prática das virtudes cristãs, como frutos da salvação obtida. Não basta somente crer que Jesus Cristo é o Flilho de Deus, se não seguir os seus ensinamentos. Satanáz também sabe que Jesus Cristo é o Filho de Deus, mas não aceita o seu plano de salvação, nem pratica os ensinamentos do evangelho. Os anjos de Deus ajudam aos eclesianos que sinceramente buscam viver segundo o evangelho cristão.
3 – Existe também o aspecto da Igreja Institucional, que cuida das condições materiais e morais para a implantação e sobrevivência da Igreja de Cristo no mundo Este aspecto é criado de acordo com as diferentes culturas existentes na face da terra, tendo começado pelos apóstolos e discípulos de Cristo, em Jerusalém, quando ocorreu o fenômeno do pentecostes, cinquenta dias após a Ressurreição e dez dias após a Ascensão de Jesus Cristo aos céus. Nesse dia, todos os discípulos foram revestidos do Poder do Alto, através da Efusão do Espírito Santo, fazendo-os dinâmicos e capazes para implantação da Verdadeira Igreja Cristã, conforme relata o capítulo dois de Atos dos Apóstolos. Desde os apóstolos até os dias atuais, os  cristãos tem se organizado em igrejas,  de diferentes modos e disciplinas, nem sempre colocando os ideais e ordenanças reveladas por Cristo, em primeiro lugar, desviando às vezes, para os interesses de políticas dominadoras, ou de afirmação pessoal de seus dirigentes.
    Na Era Apostólica e imediatamente pós apostólica, não havia um nome específico das igrejas institucionais nas diferentes localidades. Os crentes fiéis se reuniam nos templos judeus e depois nas casas dos crentes fiéis. Uma das  casas por exemplo, foi a de Maria de Cléofas, segundo se crê. Eles formavam uma verdadeira fraternidade. Tudo teve inicio em Jerusalém, onde ficaram reunidos a espera de serem revestidos do Espírito Santo prometido pelo Pai, conforme foi revelado pelo Cristo. Eram  em torno de cento e vinte pessoas, unidas na esperança do cumprimento das promessas reveladas por Cristo, permaneciam  reunidas  no mesmo lugar, em oração.  Querendo completar o número de doze apóstolos, conforme a escolha inicial de Jesus Cristo, buscaram o consenso da maioria para encontrar entre os discípulos, um que substituisse Judas. A congregação escolheu  José, o justo, e Matias, sendo por sorteio  escolhido Matias, que a partir daqueles dias foi contado como um dos doze apóstolos, conforme Atos 1: 1-20. Por ocasião da festa de pentecostes dos judeus, houve o cumprimento da promessa, com o envio do Espírito Santo sobre todos os que se encontravam reunidos em oração. Homens e mulheres igualmente receberam este batismo do Espírito Santo e foram dinamizados para a implantação da Igreja Cristã, conforme Atos 2: 1-4.  O apóstolo Pedro fez um discurso para a multidão curiosa, que queria saber o que estava acontecendo. Este discurso resultou na conversão de cerca de três mil pessoas, que foram então batizadas, provavelmente por aspersão da água e não por imersão, ou ablução, já que não havia facilidade de um batismo de imersão em Jerusalém, para três mil pessoas, conforme Atos 2: 14-41. Estes primeiros convertidos viviam segundo a doutrina apresentada pelos apóstolos, no temor de Deus, na comunhão, no partir do pão e nas orações e tinham tudo em comum, conforme Atos 2: 42-47 e 4: 23-35. Quando o trabalho aumentou muito e somente os apóstolos não davam mais conta de atender a todos, convocou os discípulos que formavam a congregação para escolherem sete diáconos, que após consagrados pelos apóstolos, passaram a cuidar da assistência às necessidades das congregações, conforme Atos 6: 1-7.
 Assim esta Fraternidade se espalhou, sendo  formadas várias congregações de crentes fiéis, organizadas em igrejas locais. Em Antióquia eles foram pela primeira vez chamados de cristãos. Haviam cristãos judeus convertidos e estrangeiros convertidos, surgindo então uma  controvérsia doutrinária, pois os judeus cristãos achavam que os estrangeiros cristãos, deveriam também ser circuncidados para cumprir a Lei de Moisés. Para resolver esse impasse sobre doutrina, reuniram-se os apóstolos e os presbíteros (os anciãos) em busca do consenso, sob a ação do Espírito Santo. Esta assembléia dos apóstolos e dos presbíteros constituiu o primeiro concílio dos cristãos (assembléia para dirimir dúvidas por consenso da maioria e buscar diretrizes). A decisão deste concílio foi promulgada por Tiago, o irmão do Senhor, e enviada aos cristãos da Antióquia, sendo respeitada por muitos até os dias de hoje. Assim diz:     “Os cristãos se abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da carne dos animais sufocados e do sangue”, conforme Atos 15: 22-35.

                        Que Deus nos abençôe  a todos!

                                 Dom Felismar  Manoel
                      Catolicismo  Evangélico  Salomonita
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