Pro-Kenobion
Eleosterion (*)
Este
texto foi apresentado por mim, em língua espanhola, na assembleia
da Primeira Convenção Internacional do Clero Católico Não-Romano
em 1996, fazendo advertências dos riscos que a herança do
Catolicismo Salomonita estava correndo naquela gestão patriarcal.
Nessa
assembleia, além dos bispos da ICAIB do Rio de Janeiro (o clero do
nordeste brasileiro foi excluído por Dom Lapércio), estavam
presentes bispos, presbíteros e diáconos da Igreja Ortodoxa Grega
do Antigo Calendário, da Grécia e Estados Unidos da América do
Norte e também da América do Sul.
Tenho
um termo de agradecimento assinado por Dom Lapércio, por ter cedido
as nossas instalações para os encontros, com data de dezembro de
1996, tendo portanto o evento ocorrido um pouco antes. Dom Felismar
Manoel
Versão
em língua portuguesa
"Caríssimos
irmãos !
Eu
gostaria de expor-lhes algumas preocupações pessoais, para o que
lhes peço ouvir-me e ler o que vai a seguir:
Na
data de 12/07/1790 foi aprovada na França a Constituição
Civil do Clero, pela qual se recrutava os padres e bispos para
prestar juramento, ficando os juramentados declarados independentes
da Santa Sé de Roma.
Este
acontecimento exerceu uma grande influência em vários brasileiros,
destacados membros atuantes nas associações existentes no Brasil
de então. Foi assim com os intelectuais da Academia
de Ciência do Rio de Janeiro, destacando Silva Alvarenga,
Mariano Fonseca e Silva Antunes, agentes destemidos até 1796.
Também foi assim nos diversos movimentos populares que surgiram no
inicio do ano 1800, quando e onde os clérigos brasileiros se faziam
membros e lutavam por aquilo que a eles pareciam de conformidade com
os ensinamentos de Jesus Cristo e de boa consciência pessoal.
Foi
por isso que nas primeiras décadas de 1800, os padres Diogo Antônio
Feijó e Antônio Maria Moura deram seu apoio ao deputado Antônio
Ferreira França, para aprovar a Lei
do Celibato Opcional para o Clero do Brasil.
Como não conseguiram a aprovação desejada para tal lei, em 1835
foi apresentado outro projeto de lei por Estevâo Rafael de Carvalho,
propondo que a Igreja
do Brasil Ficasse Livre da Santa Sé Romana.
Entretanto esta lei também não foi aprovada, expondo em
consequência seus signatários às molestações de seus
adversários, "os donos do poder", socorrendo-os das
perseguições a Maçonaria do Brasil.
Em
1877 o jurista brasileiro Rui Barbosa apresentou a tese "A
Igreja Livre no Estado Livre",
ao traduzir o livro de Jannus "O Papa e o Concílio". Foi
de grande influência para os ideais de um Catolicismo
Independente no Brasil. Houve
apoio dos Positivistas Brasileiros e de outros grupos ideológicos,
mas somente em
1890, foi promulgada a Constituição Brasileira que assegurou a
liberdade de culto para todos os credos religiosos no Brasil.
Começou
então a florescer as diversas Igrejas Cristãs que foram produzindo
muitos textos de literatura favorecendo a idéia do catolicismo
independente no Brasil. Foi
assim que o Reverendo Salomão Ferraz publicou Princípios e Métodos
em 1915, Oração da Pedra em 1924, Manual de Orações em 1925,
Unidade Eclesial na Diversidade Religiosa (Movimento) em 1927, A
Santa Igreja Católica em 1930, a Fé Nacional em 1932, a Liturgia
Cristã em 1934, a Igreja e a Sinagoga (Eclesiologia Cristocêntrica)
em 1936, o Ministério Cristão em 1940 e a Maioridade Nacional Civil
e Religiosa em 1941.
O
Reverendo Salomão Ferraz foi eleito Bispo Primaz da Igreja Católica
Livre em 1936 e se preparava para receber a Sagração Episcopal das
Igrejas Anglicana e dos Velhos Católicos, por aderir aos termos do
Quadrilátero
de Lamberth,
quando o Bispo
Carlos Duarte Costa
rompeu com a Igreja Católica Romana e conferiu-lhe
a Ordenação Episcopal para a Sucessão Apostólica Histórica.
Desde
então a Igreja Católica Livre teve um grande progresso e vocação
ecumênica, o que levou o Bispo Salomão Ferraz a unir-se
pessoalmente com a Igreja Romana, sendo reconhecida as suas Ordens
Sacras de Bispo, Presbítero e Diácono pelo Papa João XXIII.
Ainda
que os demais clérigos da Igreja Católica Livre não tenham aderido
à Santa Sé Romana, o reconhecimento da ordenação episcopal do
Bispo Salomão Ferraz trouxe para a Igreja e para seus Bispos uma
tranquilidade pastoral boa, diminuindo as perseguições religiosas
por parte dos católicos romanos por algum tempo em terras
brasileiras.
Após
a adesão do Bispo Salomão Ferraz à Igreja Romana, ele publicou O
Arrebol da Aurora em 1959,
a União
das Igrejas em 1962
e Reforma
Disciplinar em 1964. Todas
essas publicações produzidas pelo Bispo Salomão Ferraz representam
algum ordenamento para as questões eclesiais. (Estas
três últimas, publicadas já na Igreja de Roma, não abjurou nada
do que anteriormente havia publicado. Nota atual do autor)
Durante
o seu proveitoso ministério, o Bispo Salomão Ferraz consagrou
outros bispos, incluindo o Bispo Manoel Ceia Laranjeira na data de
29/06/1951.
Foi
o Bispo Laranjeira juntamente com seu clero do Rio de Janeiro que
ficaram com a direção da Igreja quando o Bispo Salomão Ferraz se
transferiu para a Igreja Romana.
Nós
que estamos reunidos aqui hoje, somos na maioria descendentes do
Bispo Laranjeira. Há toda uma tradição cultural e ideológica
sublinhada na alma brasileira, que herdamos como descendência do
Bispo Laranjeira, em uma maneira especial de ser a Igreja de Jesus
Cristo, na crença de ser Ele, Jesus Cristo, o Filho de Deus Vivo,
quem a edifica na vida individual e social dos humanos. Esta tradição
quer ser UM CATOLICISMO AUTÊNTICO, VOLTADO PARA DEUS, OS HUMANOS E
A PÁTRIA; LIVRE DE QUALQUER TUTELA POLÍTICA, NACIONAL OU
ESTRANGEIRA; INDEPENDENTE PARA AGIR EM NOME DE JESUS CRISTO E DA
LEGÍTIMA TRADIÇÃO APOSTÓLICA.
Quando
se fala aqui de catolicismo autêntico se quer dizer um sistema
salvacionista cristão disponível para todas as pessoas; voltados
para Deus, os humanos e a pátria, se quer dizer, sob a soberania do
Deus Vivo, de Jesus Cristo seu Unigênito Filho, e ao direcionamento
do Espírito Santo, com lealdade à Pátria e sem nenhuma vassalagem
a outra nação ou soberano; livre de qualquer tutela política
nacional ou estrangeira, se que dizer posto em compromisso somente
com os interesses das pessoas e do País onde se instalou, sem outros
envolvimentos com outras nações estrangeiras; independente para
agir em nome de Jesus cristo e da legítima tradição apostólica,
se quer dizer que a Igreja de Cristo é autônoma como um cidadão de
maior idade, em seu País ou Nação, responsável como Instituição
Cultural, para ser o canal instrumental da presença de Jesus Cristo,
aqui e agora, onde se vive e criou identidade nacional, cultural e
religiosa, cumprindo os ensinamentos de Jesus Cristo e respeitando os
direcionamentos assinalados pelos apóstolos no Novo Testamento.
Nossos
últimos dirigentes tem se desviados destes caminhos traçados pelos
antigos, sem ouvir as congregações de crentes fieis, nem tão pouco
os Bispos com seus respectivos cleros. Vejo com preocupação estes
assuntos e desejo dividi-los com os senhores.
Por
mais de vinte anos não tenho tido contato com o uso da língua
espanhola, portanto, peço perdoar-me por alguns erros no uso dessa
doce filha do Latio.
Em
Jesus Cristo para servir
Bispo
Felismar Manoel
1996
(*)
Nota: O pró-cenóbio, que antecede a criação dos monastérios, já
é atualmente (2013), o "Mosteiro Compaixão Sagrada",
situado à Estrada das Amendoeiras, 248, Capivari, Duque de Caxias,
RJ, CEP 25.243-420
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