terça-feira, 15 de outubro de 2013

Pró-Cenóbio "Local da Misericórdia"(*)

Pro-Kenobion Eleosterion (*)


Este texto foi apresentado por mim, em língua espanhola, na assembleia da Primeira Convenção Internacional do Clero Católico Não-Romano em 1996, fazendo advertências dos riscos que a herança do Catolicismo Salomonita estava correndo naquela gestão patriarcal.
Nessa assembleia, além dos bispos da ICAIB do Rio de Janeiro (o clero do nordeste brasileiro foi excluído por Dom Lapércio), estavam presentes bispos, presbíteros e diáconos da Igreja Ortodoxa Grega do Antigo Calendário, da Grécia e Estados Unidos da América do Norte e também da América do Sul.
Tenho um termo de agradecimento assinado por Dom Lapércio, por ter cedido as nossas instalações para os encontros, com data de dezembro de 1996, tendo portanto o evento ocorrido um pouco antes. Dom Felismar Manoel



Versão em língua portuguesa

"Caríssimos irmãos !

Eu gostaria de expor-lhes algumas preocupações pessoais, para o que lhes peço ouvir-me e ler o que vai a seguir:

Na data de 12/07/1790 foi aprovada na França a Constituição Civil do Clero, pela qual se recrutava os padres e bispos para prestar juramento, ficando os juramentados declarados independentes da Santa Sé de Roma.

Este acontecimento exerceu uma grande influência em vários brasileiros, destacados membros atuantes nas associações existentes no Brasil de então. Foi assim com os intelectuais da Academia de Ciência do Rio de Janeiro, destacando Silva Alvarenga, Mariano Fonseca e Silva Antunes, agentes destemidos até 1796. Também foi assim nos diversos movimentos populares que surgiram no inicio do ano 1800, quando e onde os clérigos brasileiros se faziam membros e lutavam por aquilo que a eles pareciam de conformidade com os ensinamentos de Jesus Cristo e de boa consciência pessoal.

Foi por isso que nas primeiras décadas de 1800, os padres Diogo Antônio Feijó e Antônio Maria Moura deram seu apoio ao deputado Antônio Ferreira França, para aprovar a Lei do Celibato Opcional para o Clero do Brasil. Como não conseguiram a aprovação desejada para tal lei, em 1835 foi apresentado outro projeto de lei por Estevâo Rafael de Carvalho, propondo que a Igreja do Brasil Ficasse Livre da Santa Sé Romana. Entretanto esta lei também não foi aprovada, expondo em consequência seus signatários às molestações de seus adversários, "os donos do poder", socorrendo-os das perseguições a Maçonaria do Brasil.

Em 1877 o jurista brasileiro Rui Barbosa apresentou a tese "A Igreja Livre no Estado Livre", ao traduzir o livro de Jannus "O Papa e o Concílio". Foi de grande influência para os ideais de um Catolicismo Independente no Brasil. Houve apoio dos Positivistas Brasileiros e de outros grupos ideológicos, mas somente em 1890, foi promulgada a Constituição Brasileira que assegurou a liberdade de culto para todos os credos religiosos no Brasil.

Começou então a florescer as diversas Igrejas Cristãs que foram produzindo muitos textos de literatura favorecendo a idéia do catolicismo independente no Brasil. Foi assim que o Reverendo Salomão Ferraz publicou Princípios e Métodos em 1915, Oração da Pedra em 1924, Manual de Orações em 1925, Unidade Eclesial na Diversidade Religiosa (Movimento) em 1927, A Santa Igreja Católica em 1930, a Fé Nacional em 1932, a Liturgia Cristã em 1934, a Igreja e a Sinagoga (Eclesiologia Cristocêntrica) em 1936, o Ministério Cristão em 1940 e a Maioridade Nacional Civil e Religiosa em 1941.

O Reverendo Salomão Ferraz foi eleito Bispo Primaz da Igreja Católica Livre em 1936 e se preparava para receber a Sagração Episcopal das Igrejas Anglicana e dos Velhos Católicos, por aderir aos termos do Quadrilátero de Lamberth, quando o Bispo Carlos Duarte Costa rompeu com a Igreja Católica Romana e conferiu-lhe a Ordenação Episcopal para a Sucessão Apostólica Histórica. Desde então a Igreja Católica Livre teve um grande progresso e vocação ecumênica, o que levou o Bispo Salomão Ferraz a unir-se pessoalmente com a Igreja Romana, sendo reconhecida as suas Ordens Sacras de Bispo, Presbítero e Diácono pelo Papa João XXIII.

Ainda que os demais clérigos da Igreja Católica Livre não tenham aderido à Santa Sé Romana, o reconhecimento da ordenação episcopal do Bispo Salomão Ferraz trouxe para a Igreja e para seus Bispos uma tranquilidade pastoral boa, diminuindo as perseguições religiosas por parte dos católicos romanos por algum tempo em terras brasileiras.

Após a adesão do Bispo Salomão Ferraz à Igreja Romana, ele publicou O Arrebol da Aurora em 1959, a União das Igrejas em 1962 e Reforma Disciplinar em 1964. Todas essas publicações produzidas pelo Bispo Salomão Ferraz representam algum ordenamento para as questões eclesiais. (Estas três últimas, publicadas já na Igreja de Roma, não abjurou nada do que anteriormente havia publicado. Nota atual do autor)

Durante o seu proveitoso ministério, o Bispo Salomão Ferraz consagrou outros bispos, incluindo o Bispo Manoel Ceia Laranjeira na data de 29/06/1951.

Foi o Bispo Laranjeira juntamente com seu clero do Rio de Janeiro que ficaram com a direção da Igreja quando o Bispo Salomão Ferraz se transferiu para a Igreja Romana.

Nós que estamos reunidos aqui hoje, somos na maioria descendentes do Bispo Laranjeira. Há toda uma tradição cultural e ideológica sublinhada na alma brasileira, que herdamos como descendência do Bispo Laranjeira, em uma maneira especial de ser a Igreja de Jesus Cristo, na crença de ser Ele, Jesus Cristo, o Filho de Deus Vivo, quem a edifica na vida individual e social dos humanos. Esta tradição quer ser UM CATOLICISMO AUTÊNTICO, VOLTADO PARA DEUS, OS HUMANOS E A PÁTRIA; LIVRE DE QUALQUER TUTELA POLÍTICA, NACIONAL OU ESTRANGEIRA; INDEPENDENTE PARA AGIR EM NOME DE JESUS CRISTO E DA LEGÍTIMA TRADIÇÃO APOSTÓLICA.

Quando se fala aqui de catolicismo autêntico se quer dizer um sistema salvacionista cristão disponível para todas as pessoas; voltados para Deus, os humanos e a pátria, se quer dizer, sob a soberania do Deus Vivo, de Jesus Cristo seu Unigênito Filho, e ao direcionamento do Espírito Santo, com lealdade à Pátria e sem nenhuma vassalagem a outra nação ou soberano; livre de qualquer tutela política nacional ou estrangeira, se que dizer posto em compromisso somente com os interesses das pessoas e do País onde se instalou, sem outros envolvimentos com outras nações estrangeiras; independente para agir em nome de Jesus cristo e da legítima tradição apostólica, se quer dizer que a Igreja de Cristo é autônoma como um cidadão de maior idade, em seu País ou Nação, responsável como Instituição Cultural, para ser o canal instrumental da presença de Jesus Cristo, aqui e agora, onde se vive e criou identidade nacional, cultural e religiosa, cumprindo os ensinamentos de Jesus Cristo e respeitando os direcionamentos assinalados pelos apóstolos no Novo Testamento.

Nossos últimos dirigentes tem se desviados destes caminhos traçados pelos antigos, sem ouvir as congregações de crentes fieis, nem tão pouco os Bispos com seus respectivos cleros. Vejo com preocupação estes assuntos e desejo dividi-los com os senhores.

Por mais de vinte anos não tenho tido contato com o uso da língua espanhola, portanto, peço perdoar-me por alguns erros no uso dessa doce filha do Latio.

Em Jesus Cristo para servir

Bispo Felismar Manoel
1996

(*) Nota: O pró-cenóbio, que antecede a criação dos monastérios, já é atualmente (2013), o "Mosteiro Compaixão Sagrada", situado à Estrada das Amendoeiras, 248, Capivari, Duque de Caxias, RJ, CEP 25.243-420

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