quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Carta aos Padres e Reverendos




Meus caros Presbíteros, Padres e Reverendos. Gostaria muito mais de chamá-los por "Abunas", pois "Abuna é o pastor com espírito paternal, ou o pai com espírito pastoral", com relação aos membros de suas comunidades respectivas, na língua dos parentes de Jesus Cristo, o aramaico.

Quero expor algumas idéias que acho pertinentes, de um Abuna para seus filhos, e o Bispo não deve ser outra coisa em Cristo senão Abuna, principalmente se, se trata do Bispo Primaz.

Todos nós recebemos as Ordens Sacras em consequência da nossa vocação e o nosso preparo e confirmação nas igrejas, pelo menos deveria ser assim. A vocação é um "chamado" de Deus que fala ao nosso interior, que se transforma em intencionalidade operante, graças a adesão da nossa cognição e volição; por isso ela, a vocação, é território pleno de emoções e afetividades, estimuladas por fatores extrínsecos e intrínsecos, ou seja, poderá ser dinamizado pela reta intenção e pela intenção pessoal subjetiva.

A reta intenção de ser um sacerdote cristão é aquela que se cumpre de acordo e com o propósito para o qual Cristo instituiu sua Igreja: servir e não ser servido; ser misericordioso e não sacrificante; ser operário da messe do Senhor e não parasita comunitário; tomar a sua cruz diária e seguir as pegadas do Mestre e não só buscar conforto e refúgio nos lugares seguros; lançar as mãos no arado e não olhar para trás; ser manso e humilde de coração a exemplo de Cristo e não iracundo, manipulador e intimidador; não ter onde reclinar a cabeça, mas saber que toda a terra é a sua seara para a Construção do Reino de Deus; e tantas outras coisas semelhantes.

As intenções subjetivas podem e devem se harmonizar com o que vai acima, no parágrafo anterior; mas nem sempre é assim. Pode até anular a validez da "ordenação", se concluir-se ser ela a antítese daquilo que Cristo prescreveu, conforme orientam seus evangelhos canônicos.

Será que a tradição de nossas igrejas ou comunidades, estão se enquadrando neste ideário da reta intenção?
Será que nós pessoalmente estamos buscando nos enquadrar nos ideários da reta intenção?

Por acaso Jesus usou casula, mitra, báculo, estola, ou coisas do gênero? E seus apóstolos; será que também eles usaram casula, estola, mitra, báculo, ou coisas semelhantes?
Se não, quando foi que a tradição das igrejas institucionais buscaram adotar esses apetrechos?
Afinal, que coisa é a Igreja de Cristo? Como a Igreja de Cristo é definida, com sustentação clara e inequívoca no Novo Testamento?

A Igreja de Cristo não é uma "sociedade perfeita", como querem alguns, para justificarem a Igreja-Estado, imitadora do Império Romano, cuja estrutura apresentava o Imperador como deus, ficando fácil transpor a função do Supremo Mandatário da Igreja, como substituto de Cristo na terra (vigário de Cristo), impondo sobre as mentes simples uma posição herética, à luz do evangelho de Jesus.

A Igreja de Cristo é a totalidade das comunidades de irmãos que existem em qualquer parte da terra, que reconhecem e confessam a Jesus Cristo como o Filho do Deus Vivo, e que se reúnem na comunhão da fé Evangélica e Apostólica, na submissão dos Princípios das Leis Divinas, na sagrada instituição do Sacerdócio e nos Sagrados Sacramentos, com a firme certeza de que Nosso Senhor Jesus Cristo é o único cabeça da Igreja, porque assim expressam os evangelhos e nos ensina São Paulo.:"Porque ninguém pode por outro fundamento, fora aquele que já está posto, o qual é Jesus Cristo" (I Cor 3:11)."


Pode-se perceber logo, que as políticas ideológicas de grande parte de "igrejas institucionais" estabelecidas, por mais influentes e poderosas que sejam, não se enquadram na definição evangélico-apostólica de Igreja de Cristo. A natureza da Igreja de Cristo, é sim, católica e apostólica; mas isto nada tem a ver com o título católica apostólica das igrejas institucionais históricas.
Poderá as igrejas institucionais que se intitulam como católicas e apostólicas, nada terem de subsistente como católicas e apostólicas; pois quando se fala da natureza "católica" da Igreja de Cristo, está se referindo à lide salvacional cristã oferecida a toda e qualquer categoria de pecadores, sem distinção de cor da pele, sem distinção de nacionalidade, sem distinção de idade, sem distinção de sexo e de sexualidade, sem distinção do status pessoal, social, cultural, político e econômico. Semelhantemente, quando se diz que a Igreja de Cristo é de origem Apostólica, está se referindo que ela, a Igreja de Cristo, se firma na tradição de disciplina, ensinos e costumes transmitidos pelos doze apóstolos do Senhor, acrescidos do ministério de Paulo; e isto buscando o que se consubstancia no contexto do Novo Testamento e que esteja de harmonia com o ensinamento dos quatro evangelhos canônicos. Logo não há dificuldade alguma para um Ministro Cristão, Presbítero, Padre, Reverendo, ou Abuna, não importa o nome pelo qual ele se categorize, saber se a sua conduta está coerente com as ordenanças cristãs apostólicas, ou se está seguindo o "canto da sereia". Há que haver disciplina do estudo bíblico e prática de vida virtuosa, notadamente orientada no Novo Testamento. Não se está cobrando que o Ministro Cristão seja teólogo, está se pedindo que ele conheça e pratique a Palavra de Deus conforme Jesus Cristo no-la propôs.
Avalie a sua vida ministerial. O que move você? As vestes coloridas? os paramentos suntuosos? as cerimônias teatrais tocantes? o desempenho do cerimonial litúrgico impecável na língua que ninguém da sua comunidade entende? ou move você os rituais de origem mundana, perpetuados nas igrejas institucionais por heranças dos mitos pagãos, como o mitraísmo, o carnaval de Veneza, as calendas latinas, o desvario dos Césares? Ou move você a importância social do status de ser ou parecer com uma instituição eclesial, que através da história tem buscado a qualquer preço manter a hegemonia em terreno de religião cristã, mesmo que para isso tenha que patrocinar Cruzadas assassinas, Tribunais Inquisitoriais injustos, descaridosos e sem justiça, e usurpar a função do Espírito Santo, único a quem Jesus Cristo nos outorgou para não nos deixar na orfandade espiritual?
Pensem meus filhos, a quem eu considero como Abunas, nas Comunidades do Povo de Deus, que formam a Verdadeira Igreja de Cristo espalhadas pelo solo deste planeta sofrido. Façam escolhas ao lado de Jesus Cristo, de direito e de fato; de direito porque vocês foram ungidos para o Ministério Cristão legítimo, e de fato, porque o caminho apontado por Jesus Cristo em seu evangelho é fácil de ser percebido e deve ser a nossa trilha.
Abandonem as galas, os estrelismos, as frescuras palacianas e eclesiásticas, as rubricas tradicionais sem sentidos espirituais e teológicos! Chega de tanta fantasia eclesiástica. Busque a singeleza de uma túnica branca e uma estola, denotando apenas higiene, respeito e ordem no culto, Se preocupem sim, com o que vocês estão fazendo que tem respaldo no Novo Testamento. Ensinem o Povo de Deus que caminham com vocês nas Comunidades Eclesiais a estudarem o Evangelho Libertador de Jesus Cristo e a pô-lo em prática em suas vidas e de suas famílias. Ponham o Evangelho nas mãos do povo, coloquem o Novo Testamento como livro normativo da vida cristã apostólica, aprofundem a contextualização doutrinária nas Sagradas Escrituras. Tenham cuidado com as crenças fetichistas das bases populares, pois além de serem incompatíveis com os ensinamento cristãos, elas podem fomentar desequilíbrios psíquicos. Tenham cuidado com os fenômenos devocionais psíquicos e anímicos, pois eles podem desviar um devoto piedoso do vínculo com os anjos de Deus e substituí-los pelo vínculo com os demônios, tanto os de natureza humana já desencarnados, como os elementais da natureza com os quais se constrói afinidades; e em qualquer caso, todos escravizam o crente fiel e o desvia da rota da salvação cristã.
Que Deus em sua misericórdia e bondade, nos abençoe a todos, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém
Dom Felismar Manoel - Bispo Primaz
Duque de Caxias, RJ - 04/10/2013
Mosteiro Compaixão Sagrada


Comemorando o Ministério de Francisco de Assis

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