Meus
caros Presbíteros, Padres e Reverendos. Gostaria muito mais de
chamá-los por "Abunas",
pois
"Abuna
é o pastor com espírito paternal, ou o pai com espírito pastoral",
com relação aos membros de suas comunidades respectivas, na língua
dos parentes de Jesus Cristo, o aramaico.
Quero
expor algumas idéias que acho pertinentes, de um Abuna
para seus filhos, e o Bispo não deve ser outra coisa em Cristo senão
Abuna,
principalmente se, se trata do Bispo Primaz.
Todos nós recebemos
as Ordens Sacras em consequência da nossa vocação e o nosso
preparo e confirmação nas igrejas, pelo menos deveria ser assim. A
vocação é um "chamado" de Deus que fala ao nosso
interior, que se transforma em intencionalidade operante, graças a
adesão da nossa cognição e volição; por isso ela, a vocação, é
território pleno de emoções e afetividades, estimuladas por
fatores extrínsecos e intrínsecos, ou seja, poderá ser dinamizado
pela reta intenção e pela intenção pessoal subjetiva.
A reta intenção de
ser um sacerdote cristão é aquela que se cumpre de acordo e com o
propósito para o qual Cristo instituiu sua Igreja: servir e não ser
servido; ser misericordioso e não sacrificante; ser operário da
messe do Senhor e não parasita comunitário; tomar a sua cruz diária
e seguir as pegadas do Mestre e não só buscar conforto e refúgio
nos lugares seguros; lançar as mãos no arado e não olhar para
trás; ser manso e humilde de coração a exemplo de Cristo e não
iracundo, manipulador e intimidador; não ter onde reclinar a cabeça,
mas saber que toda a terra é a sua seara para a Construção do
Reino de Deus; e tantas outras coisas semelhantes.
As intenções
subjetivas podem e devem se harmonizar com o que vai acima, no
parágrafo anterior; mas nem sempre é assim. Pode até anular a
validez da "ordenação", se concluir-se ser ela a antítese
daquilo que Cristo prescreveu, conforme orientam seus evangelhos
canônicos.
Será que a
tradição de nossas igrejas ou comunidades, estão se enquadrando
neste ideário da reta intenção?
Será que nós
pessoalmente estamos buscando nos enquadrar nos ideários da reta
intenção?
Por acaso Jesus usou
casula, mitra, báculo, estola, ou coisas do gênero? E seus
apóstolos; será que também eles usaram casula, estola, mitra,
báculo, ou coisas semelhantes?
Se não, quando foi
que a tradição das igrejas institucionais buscaram adotar esses
apetrechos?
Afinal, que coisa é a
Igreja de Cristo? Como a Igreja de Cristo é definida, com
sustentação clara e inequívoca no Novo Testamento?
A Igreja de Cristo não
é uma "sociedade perfeita", como querem alguns, para
justificarem a Igreja-Estado, imitadora do Império Romano, cuja
estrutura apresentava o Imperador como deus, ficando fácil transpor
a função do Supremo Mandatário da Igreja, como substituto de
Cristo na terra (vigário de Cristo), impondo sobre as mentes simples
uma posição herética, à luz do evangelho de Jesus.
A
Igreja de Cristo é a totalidade das comunidades de irmãos que
existem em qualquer parte da terra, que reconhecem e confessam a
Jesus Cristo como o Filho do Deus Vivo, e que se reúnem na comunhão
da fé Evangélica e Apostólica, na submissão dos Princípios das
Leis Divinas, na sagrada instituição do Sacerdócio e nos Sagrados
Sacramentos, com a firme
certeza de que Nosso
Senhor Jesus Cristo é o único cabeça da Igreja,
porque assim expressam os evangelhos e nos ensina São Paulo.:"Porque
ninguém pode por outro fundamento, fora aquele que já está posto,
o qual é Jesus Cristo" (I
Cor 3:11)."
Pode-se
perceber logo, que as políticas ideológicas de grande parte de
"igrejas institucionais" estabelecidas, por mais influentes
e poderosas que sejam, não se enquadram na definição
evangélico-apostólica de Igreja de Cristo. A natureza da Igreja de
Cristo, é sim, católica e apostólica; mas isto nada tem a ver com
o título católica apostólica das igrejas institucionais
históricas.
Poderá
as igrejas institucionais que se intitulam como católicas e
apostólicas, nada terem de subsistente como católicas e
apostólicas; pois quando se fala da natureza "católica"
da Igreja de Cristo, está se referindo à lide salvacional cristã
oferecida a toda e qualquer categoria de pecadores, sem distinção
de cor da pele, sem distinção de nacionalidade, sem distinção de
idade, sem distinção de sexo e de sexualidade, sem distinção do
status pessoal, social, cultural, político e econômico.
Semelhantemente, quando se diz que a Igreja de Cristo é de origem
Apostólica, está se referindo que ela, a Igreja de Cristo, se firma
na tradição de disciplina, ensinos e costumes transmitidos pelos
doze apóstolos do Senhor, acrescidos do ministério de Paulo; e isto
buscando o que se consubstancia no contexto do Novo Testamento e que
esteja de harmonia com o ensinamento dos quatro evangelhos canônicos.
Logo não há dificuldade alguma para um Ministro Cristão,
Presbítero, Padre, Reverendo, ou Abuna, não importa o nome
pelo qual ele se categorize, saber se a sua conduta está coerente
com as ordenanças cristãs apostólicas, ou se está seguindo o
"canto da sereia". Há que haver disciplina do estudo
bíblico e prática de vida virtuosa, notadamente orientada no Novo
Testamento. Não se está cobrando que o Ministro Cristão seja
teólogo, está se pedindo que ele conheça e pratique a Palavra de
Deus conforme Jesus Cristo no-la propôs.
Avalie
a sua vida ministerial. O que move você? As vestes coloridas? os
paramentos suntuosos? as cerimônias teatrais tocantes? o desempenho
do cerimonial litúrgico impecável na língua que ninguém da sua
comunidade entende? ou move você os rituais de origem mundana,
perpetuados nas igrejas institucionais por heranças dos mitos
pagãos, como o mitraísmo, o carnaval de Veneza, as calendas
latinas, o desvario dos Césares? Ou move você a importância social
do status
de ser ou parecer com uma instituição eclesial, que através da
história tem buscado a qualquer preço manter a hegemonia em terreno
de religião cristã, mesmo que para isso tenha que patrocinar
Cruzadas assassinas, Tribunais Inquisitoriais injustos, descaridosos
e sem justiça, e usurpar a função do Espírito Santo, único a
quem Jesus Cristo nos outorgou para não nos deixar na orfandade
espiritual?
Pensem
meus filhos, a quem eu considero como Abunas, nas Comunidades
do Povo de Deus, que formam a Verdadeira Igreja de Cristo espalhadas
pelo solo deste planeta sofrido. Façam escolhas ao lado de Jesus
Cristo, de direito e de fato; de direito porque vocês foram ungidos
para o Ministério Cristão legítimo, e de fato, porque o caminho
apontado por Jesus Cristo em seu evangelho é fácil de ser percebido
e deve ser a nossa trilha.
Abandonem
as galas, os estrelismos, as frescuras palacianas e eclesiásticas,
as rubricas tradicionais sem sentidos espirituais e teológicos!
Chega de tanta fantasia eclesiástica. Busque a singeleza de uma
túnica branca e uma estola, denotando apenas higiene, respeito e
ordem no culto, Se preocupem sim, com o que vocês estão fazendo que
tem respaldo no Novo Testamento. Ensinem o Povo de Deus que caminham
com vocês nas Comunidades Eclesiais a estudarem o Evangelho
Libertador de Jesus Cristo e a pô-lo em prática em suas vidas e de
suas famílias. Ponham o Evangelho nas mãos do povo, coloquem o Novo
Testamento como livro normativo da vida cristã apostólica,
aprofundem a contextualização doutrinária nas Sagradas Escrituras.
Tenham cuidado com as crenças fetichistas das bases populares, pois
além de serem incompatíveis com os ensinamento cristãos, elas
podem fomentar desequilíbrios psíquicos. Tenham cuidado com os
fenômenos devocionais psíquicos e anímicos, pois eles podem
desviar um devoto piedoso do vínculo com os anjos de Deus e
substituí-los pelo vínculo com os demônios, tanto os de natureza
humana já desencarnados, como os elementais da natureza com os quais
se constrói afinidades; e em qualquer caso, todos escravizam o
crente fiel e o desvia da rota da salvação cristã.
Que
Deus em sua misericórdia e bondade, nos abençoe a todos, em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém
Dom
Felismar Manoel - Bispo Primaz
Duque
de Caxias, RJ - 04/10/2013
Mosteiro
Compaixão Sagrada
Comemorando
o Ministério de Francisco de Assis
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