Jesus Cristo nos convida com as palavras “vinde a mim os cansados e oprimidos”; “aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”; “carregai os fardos uns dos outros”; e todo um plano para a construção do Reino de Deus na terra, quando profere as Bem Aventuranças em seu Santo Evangelho.
As orientações para o bem e para o aperfeiçoamento dos seres humanos são fartamente percebidas pelos seres de boa vontade. Entretanto o nosso mundo continua pleno de humanos imperfeitos que frequentam os diferentes templos cristãos. Isto ocorre desde o inicio da implantação da Igreja Cristã.
A ascese foi adotada muitas vezes como disciplina para domar o corpo, como se ele fosse culpado pelos nossos pecados e imperfeições, quando na realidade sabemos que o corpo é o templo do Espírito.
No passado muitos fugiram para os ermos, para viver na solidão em busca dessa experiência pessoal com o divino; outros se enclausuraram entre as paredes dos conventos e mosteiros, buscando fugir do mundo ameaçador.
Jesus Cristo, no evangelho segundo João, faz uma comovente oração ao Pai pedindo pelos apóstolos, discípulos e por nós atuais, que nos mantivéssemos no mundo onde devemos ser a sua luz, na terra onde devemos ser o seu sal e junto a massa do povo, onde devemos ser o seu fermento, sem contudo sermos do mundo, sermos mundanos.
Sabemos ser esta missão uma tarefa difícil, pois no mundo existem os homens com seus corações endurecidos, no mundo existem os filhos das trevas com suas astúcias e perversidades, e muitas das vezes nos corrompemos, nos tornamos tolerantes e promíscuos, nos prostituimos ideológicamente, políticamente, deixamos nos seduzir pelos ídolos, sejam eles devocionais, midiáticos, de poderio financeiro, ou coisas equivalentes, e com isso nos distanciamos da simplicidade do ideal apontado por Jesus, o meigo nazareno que se manifestou como o Cristo de Deus.
Certa vez Jesus Cristo disse a um jovem que buscava o caminho da perfeição espiritual: “se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tem e dá aos pobres, e depois vem, toma a sua cruz de cada dia e segue-me”. Tarefa difícil para aquele jovem, posto que ele era muito rico. Não sabemos ao certo se ele atendeu ao convite de Jesus Cristo, mas sabemos que muitos, após ele, atenderam a esse chamado e ainda atendem nos dias de hoje.
Ao longo do tempo, a Igreja em suas diferentes “famílias espirituais”, criou algumas disciplinas para facilitar o encaminhamento dos homens e mulheres em sua trajetórias como religiosos:
os solteiros e os casados eram igualmente admitidos na vida religiosa e no ministério eclesial; os casados geralmente assumiam as comunidades paroquiais, enquanto os solteiros eram enviados em missões; as mulheres participavam do ministério eclesial nas funções diaconais; quando havia um bispo casado e deveria ordenar sua esposa como diaconisa, buscava-se um outro bispo para fazer a imposição de mãos, por causa do vínculo parental que se estabelece entre o bispo ordenante e a nova diaconisa, evitando-se assim o tabu do incesto espiritual; na Igreja havia os mestres de ensino, os profetas, os terapeutas, que respectivamente cuidavam das catequeses mistagógicas, das oratórias denunciadoras de êrros e do apontar de seguros caminhos, bem como do tratamento das pessoas que encontravam dificuldades em sua caminhada espiritual.
O Catolicismo Evangélico Salomonita oferece toda essa riqueza deixada pelo Cristo de Deus; entretanto, também ele tem seus ministros fracos, imperfeitos, vacilantes, resistentes. Mas o ministério da Graça de Deus em Cristo resgata esse pecador, se ele se apropria do plano de salvação que Cristo oferece. Ele não pode ser resistente, é preciso usar a sua vontade para fazer a escolha, e se converter a cada dia dos seus erros, pecados e imperfeições e buscar, em disciplina e oração, a regeneração que o Espírito Santo de Deus opera em nossas vidas, enviado pelo Pai através do Filho e capaz de renovar a face da terra.
Um dos meios eficientes para a busca e manutenção dessa consagração pessoal, é a organização da Igreja em Células, como parte da Igreja Local; Comunidade de adoradores, que aos domingos se reunem no templo da Igreja Local para a adoração, o estudo da palavra de Deus, a celebração da comunhão que há entre Deus e os irmãos em Cristo, como Povo de Deus que caminha para a Pátria Celestial. Durante a semana essas células se reunem sob a liderança de um Zelador Espiritual na casa de irmãos para estreitarem os laços de experiência pessoal com Deus, através das diferentes Confrarias, Congregações, Apostolados, ou outras formas. Esta foi uma experiência rica do Catolicismo Evangélico Salomonita em sua fase pré-romana, tanto em São Paulo , como no Rio de Janeiro.
A fase pró-romana foi a experiência do esvasiamento, da dor, da desilução, do empobrecimento espiritual e do lastreamento da indisciplina, com a implantação do sacramentalismo, da ausência de diretrizes pastorais, da exacerbação das vestes nobiliárquicas e do comprometimento das práticas populares supersticiosas ou idolátricas.
Assumimos um compromisso com a fase salomonita pré-romana! Sejamos fiéis a esse compromisso e saiamos ao encontro do Cristo de Deus que nos fala “quem comigo não ajunta, espalha”; ouçamos a afirmação do apóstolo que diz “se alguém está com Cristo, nova creatura é, pois as coisas velhas já passaram, e o homem novo surge buscando como modelo a estatura do Cristo”.
Não tenhamos medo, pois a graça de Cristo nos socorre se formos sinceros em nossa busca e fiéis aos compromissos assumidos.
Existe no mundo espiritual cristão um Banco da Misericórdia Divina, que disponibiliza para nós as suas Graças na medida que dela carecemos, se nos colocarmos em condições de rebê-las. Elas fazem parte dos tesouros meritórios do Cristo de Deus e se disponibilizam pelos Serviços da Igreja Cristã, pois a Igreja é o Hospital dos Pecadores, que manifesta o Cristo no Mundo Todos os Dias, até a consumação dos séculos.
Que Deus nos abençôe a todos!
Dom Felismar Manoel
Catolicismo Evangélico Salomonita
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