quarta-feira, 4 de maio de 2011

O CATOLICISMO LIBERTÁRIO NA VERDADEIRA IGREJA DE CRISTO


A verdadeira Igreja de Cristo, esteve e poderá estar presente como famílias espirituais, nos seguintes seguimentos  cristãos:  na Fraternidade Cristã Primitiva, nas diversas Igreja Ortodoxas Orientais, na Igreja Católica Romana, nas Igrejas Católicas Autônomas, nas Igrejas Evangélicas da Reforma, nas Igrejas Cristãs Carismáticas e Pentecostais, nas Ordens, Congregações, Institutos, Confrarias, Células, Grupos e outros que se reúnem em nome de Cristo, o confessam como Filho de Deus e vivenciam os ensinamentos do seu Santo Evangelho (Constituição Canônica, artigo 1º, § 2º).  Entretanto, em  todos  esses  segmentos,   a   condição  humana   de   seus dignatários, pode permitir desvios e assim tem acontecido no decorrer da história.
O  catolicismo verdadeiramente libertário pode ser encontrado nesses diferentes segmentos sociais desde o inicio da Igreja de Cristo, embora por vezes, sendo substituído por vassalagens pessoais de indivíduos ou grupos  a eles pertencentes, lamentavelmente seduzidos ou embriagados pela oportunidade das afirmações pessoais.
Nos primórdios da igreja cristã, a única vassalagem admitida era a Jesus Cristo, o Filho de Deus. Somente Ele era admitido como Senhor. Assim postulam as Igrejas Ortodoxas, nos Patriarcados de Jerusalém, Antioquia, Alexandria, Constantinopla e outras(Georges El Hajj,1971).  As palavras de Jesus Cristo, relatadas por João 8: 31-36, afirmam que o conhecimento da verdade revelada pelo Filho de Deus, confere a liberdade ao crente fiel, e que, aquele que for libertado por Cristo, será verdadeiramente livre. Era no passado, é hoje e continuará a ser no futuro, pois somente Jesus Cristo é capaz de alforriar o pecador da escravidão dos  seus pecados e de constituir-se no Único Senhor da sua vida, não se admitindo ao cristão verdadeiro, tomar  nenhum outro como Chefe, com  poderes absolutistas ou imperiais. O cristão verdadeiro não pode aceitar ser vassalo de nenhum clérigo que se julgue poderoso. Os clérigos verdadeiros agem em comunhão com a Igreja Verdadeira, a Assembléia dos Fiéis que se reúnem para celebrar a comunhão com Deus  e os irmãos no amor de  Cristo. O verdadeiro clérigo sabe que ele é apenas Comissário de Cristo, ou seja chamado por Cristo para trabalhar na sua Igreja. Jamais o clérigo autêntico aceitará tornar-se o “dono da Igreja” e agir como se tivesse um poder pessoal.
Os Evangelhos Canônicos foram escritos  originalmente na língua grega e nessa língua, a pessoa liberta da escravidão, recebe o nome de  eleuteriotes. É como a palavra  “alforriado” em lingua portuguesa. Daí o conceito de  “libertário” , para a forma do catolicismo evangélico salomonita que não admite a supremacia imperial de nenhum papa, patriarca, primaz, epístata, arquimandrita, arcebispo, cardeal, pastores, ou outros títulos costumeiros nos  meios  eclesiásticos.  Estes termos são usados honorificamente pelos clérigos  que desempenham um serviço à comunidade eclesial, em uma disciplina consensual entre os pares, de forma extraordinária, solidária e  caridosa.  É verdade que algumas igreja locais, ao longo da história, se embriagaram na sedução do poder e associaram a seu cargo esse poder de forma pessoal, querendo impor uma hegemonia eclesiástica no mundo cristão, de modo imperialista. Isto aconteceu com o Patriarcado de Roma, que manteve querelas com os outros  patriarcados apostólicos (Jerusalém, Antioquia, Alexandria e Constantinopla) durante longo tempo, cerca de 700 a 1054 (A.D), separando-se  então da comunhão com tais patriarcados cristãos legítimos, preferindo constituir-se em um Império Eclesial de forma jurídica, até mesmo tornando-se um Estado Político, com representações diplomáticas. Esta postura clerical constitui uma heresia canônica, pois ela não se faz presente nas disciplinas das comunidades apostólicas. Entre os apóstolos de Cristo, os epígonos da sua doutrina, o poder de decisão se encontrava no consenso entre os pares e na congregação de fiéis. Por isso, essa posição tomada por alguns, confundindo  a função de liderança paterno/maternal própria dos pastores, com o poder imperial dos governantes estatais, trouxe divisão no seio da Igreja  Cristã, pois que pretendem transformar os salvos por Cristo, seus irmãos e filhos de Deus por adoção e graça, em súditos ou vassalos de determinado clérigo de alguma igreja local. Para reforçar essa heresia canônica, surgiram outras heresias na Igreja de Roma, como a da “infalibilidade ou inerrância papal” e a do  “vigário de Cristo ou seu substituto na terra”. A adoção desta heresia da “infalibilidade papal”, adotada pelo concilio católico romano  Vaticano I, gerou nova divisão na Igreja Cristã, levando a Igreja na Holanda a manter-se como Igreja  Vétero-Católica. O mesmo aconteceu com o concilio romano Vaticano II, que gerou divisão com o Bispo Lefevre  na Europa e com um Bispo Brasileiro, em Campos, no Estado do Rio de Janeiro. Estas heresias causam grande mal a construção da espiritualidade cristã no planeta terra, pois incorpora o “viés falso”, de que a salvação eterna depende do crente fiel tornar-se  súdito ou vassalo do dignatário eclesiástico de  uma igreja local. A Igreja de Roma, através de alguns padres, chega ao cúmulo de afirmar que a validade do sacramento depende do clérigo que o administra ser súdito do papa de Roma.  Assim ela age nas cercanias onde existem comunidades católicas que não seguem o papa, aproveitando-se da carência de formação teológica de alguns clérigos e da ignorância popular em matéria de cristianismo.
Legitimamente existe uma hierarquia na Igreja de Cristo e no Sacramento da Ordem. Essa hierarquia descende de Jesus Cristo, o Filho de Deus, Sumo Sacerdote da Ordem de Melquisedeque e que assiste no Santuário Celeste como nosso advogado junto ao Pai supremo, após sua Ressurreição e Ascensão, conforme relatam 1ª João 2: 1 e Hebreus 6: 20. Jesus Cristo constitui  o único Chefe da sua Igreja e prometeu não nos deixar  na orfandade, mas nos assistir com o Santo  Paracleto, o Espírito Santo de Deus, conforme relata João 14: 18. É dessa descendência que surgiu também a jurisdição eclesial legítima, desde os tempos apostólicos, com a ordem dos bispos, superintendentes do  trabalho eclesial em determinada região. Por isso são conhecidos como epíscopo, palavra originária da língua grega com o significado de “aquele que vê, ou conhece uma determinada região”. Ao bispo é concedida a plenitude do sacramento da ordem, conferida por Jesus Cristo aos apóstolos e dos apóstolos sucessivamente a todos os bispos, pela imposição de mãos iniciada pelo Filho de Deus. Depois dos bispos, descende os padres, também chamados presbíteros, os anciãos que assistem aos irmãos nas comunidades. Substituem seus bispos em cada comunidade de uma região, sendo às vezes conhecidos como vigários do bispo. Tem o múnus do pastoreio para o cuidado das almas cristãs, ou seja,  dos espíritos  encarnados enquanto pessoas humanas, filhos e filhas de Deus pela adoção mediada por Cristo, que devem ser luz do mundo pela sabedoria da vida de santidade, sal da terra pela prática das virtudes edificadoras do povo de Deus, outros Cristos, pois que membros do seu Corpo Místico, a sua Igreja. Ainda na linha de descendência existem os diáconos e diaconisas que participam do sacramento da ordem, e que, ordenados pelo bispo, servem aos irmãos da sua congregação eclesial na irmandade dos crentes fiéis. E na base da Igreja de Cristo, está a congregação local formando a irmandade dos crentes fiéis, que tem a missão de   estar- no-mundo  sem  ser-do-mundo, pois que são considerados os santos da Igreja, os consagrados para o testemunho cristão no mundo dos humanos, postos  à parte, sem pertencerem ao mundo, mas que no mundo exercem o Sacerdócio Universal do Cristo,  porque fazem Cristo presente no mundo como único e legítimo mediador junto a Deus.
Jesus Cristo constrói a sua Igreja, enquanto mistério divino, no coração de todo ser humano que o confessa como Filho de Deus e aceita a salvação que Ele oferece. Aquele que tem essa Igreja construída pelo próprio Cristo em sua vida, procura reunir-se na congregação com outros que também têm sua Igreja interna construída por Cristo, para mais de dois ou três reunidos em nome  dele,  fazê-lo presente na congregação. Busca a participação e o consenso da congregação local, para mais de dois, de comum acordo apresentarem suas petições a Deus,  ou decidirem assuntos de interesse  eclesiástico, para em união, os Ministros e a Congregação exercitarem o Poder das Chaves do Reino dos Céus, em nome de Jesus Cristo, e assim, esperarem confiantemente a resposta de Deus,  derramadas pelo Espírito Santo ao Povo de Deus, conforme a sua promessa, de acordo com  Mateus 18: 19 e João 15: 16.  Finalmente, colabora com a instituição cultural, na forma como  se organiza em igreja local de acordo com as leis do país, para nessas instituições culturais  oferecerem  condições materiais e morais para que se cumpram os propósitos e ideologias que se inspiram nos ensinamentos de Cristo.
 Aquele que segue esse caminho apontado por Jesus Cristo e seus apóstolos, que se convertem a cada dia dos seus erros e que buscam  praticar as virtudes regeneradoras derramadas pelo Espírito Santo de Deus, com certeza não cairá nas armadilhas de uma falsa vassalagem à pessoa de nenhum clérigo, por mais graduado que seja, mas será verdadeiramente libertado, alforriado por Cristo, para um verdadeiro catolicismo, voltado para Deus, para os humanos e para a pátria onde estiver instalado;  livre de qualquer tutela política, tanto nacional, quanto estrangeira; independente para agir, tão somente, em nome de Jesus Cristo e da legítima tradição dos apóstolos, consubstanciadas nas Sagradas Escrituras.
Quando os clérigos são honrados com alguns títulos honoríficos, de ascendência extraordinária, com direitos de precedência  na Igreja Cristã legítima, eles o fazem de modo solidário, consensual, caridoso. Na Igreja de Cristo, a Jurisdição  Ordinária no  território, sobre pessoas e coisas, no interesse da espiritualidade cristã, está aderida ao Bispo Diocesano da região como substituto dos Apóstolos de Cristo. Desde os tempos apostólicos e também na tradição do Catolicismo Evangélico Salomonita, passando pelo Bispo Primaz Dom  Salomão Ferraz na fase da Igreja Católica Livre e pelo  Patriarca Dom Manoel Ceia Laranjeira na fase da Igreja Católica Independente, nunca houve poder imperial, absoluto aderido à pessoa do Patriarca, Primaz, ou Arcebispo. Esses  são títulos honoríficos que indicam certa liderança  de seus portadores, construída  pelo testemunho de fé e prática das virtudes cristãs pessoais, ou das suas linhas pastorais postas em prática durante o exercício do seu múnus pastoral.

Referências:

*A Bíblia Sagrada, J. F. Almeida, 2ª edição Revista e Atualizada no Brasil,
São Paulo: S.B.B., 2009
*(1)Felismar Manoel- Bispo Primaz; Bacharel em Filosofia, Teologia e Fisioterapia; Especialista em educação Superior, Psicomotricidade Sistêmica e Psicanalista; Mestre em Motricidade Humana- UCP/Capes; Doutor em Filosofia da Religião- SETESA/Não Capes
*Georges El Hajj, A Igreja Ortodoxa no Mundo. Rio de Janeiro: Editora Aurora, 1971

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