quarta-feira, 18 de maio de 2011

O Religioso, Seus Votos e as Vestes Sagradas


Sabemos que do contexto dos diferentes códigos de comportamentos do oriente na Antiguidade (Biblia y Legado del Antíguo Oriente, M. Garcia Cordero, Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, 1977), inspirado por Deus, Moisés elaborou o Decálogo na presença dos seus Santos Elohim e o outorgou ao povo judeu como Código oriundo da vontade de Deus para o Seu Povo (Êxodo 20:1-17; Deuteronômio 5:1-21). Assim o Decálogo é recebido e considerado até os dias de hoje.
Jesus Cristo, o Filho do Deus Vivo, quando esteve entre nós, deixou-nos diretrizes onde simplifica um modo de seguir  os Mandamentos de Deus, quando diz que eles se resumem em   “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”   (Mateus22: 34-40; Marcos 12: 28-31). Esta é a lei para os cristãos, enquanto Povo de Deus que Caminha aqui no planeta terra, cenário de nossa evolução, redenção e  crescimento espiritual, já que a experiência espiritual cristã é progressiva, individual e  socialmente.
Algumas pessoas cristãs buscam o aperfeiçoamento evangélico para as suas vidas. Entre elas estamos nós, os religiosos. Pretendemos seguir a  Cristo mais de perto, consagrando às nossas vidas à causa do Reino de Deus na terra. Atendemos  aos múltiplos apelos apontados nos Evangelhos oriundos dos Ensinamentos de Cristo (Mateus 16: 24-28; 19: 16-22; Marcos 8: 34-9:1; 10: 17-22;Lucas: 9: 23-27; 18: 18-30). Nós  religiosos temos nossas vidas comprometidas com um comportamento baseado nos ensinamentos de Cristo, tanto na esfera particular da vida privada, quanto na esfera pública da vida social. Estamos comprometidos com as estratégias do ensino evangélico nos planos didático, querigmático e martirial.. Somos separados do mundo e colocados à parte para o serviço de Deus (somos os santos no sentido neotestamentário). Como religiosos assumimos os votos tradicionais da   “perfeição evangélica”,  de desapego dos bens terrenos (pobreza), de fidelidade aos compromissos ao nosso estado de vida (castidade entendida como casamento monogâmico, celibato sem fornicação e companheirismo fiel) e de obediência aos mandamentos de Deus, às diretrizes evangélicas e às legítimas  orientações superiores. Somos assim, pessoas  que estão no mundo, mas que não são do mundo.
Nós religiosos  usamos como distintivos sociais as vestes religiosas (toga, balandrau, colarinho eclesial, batina, hábito, alva, casula, estola, ou assemelhados) . Fornecemos os símbolos  elementares para a endoculturação e socialização primária das gerações em formação, bem como para a aculturação e socialização secundária dos adultos em época de multiculturalismo global. Nossas vestes religiosas passam a ser sinais de nossa cultura cristã intra-orgânica, formadores dos nossos padrões mentais positivos, e por isso, influenciando até mesmo as transformações bioquímicas de nosso sistema psico-neuro-imunológico.
 Nós cristãos damos significações às nossas vestes religiosas, tanto por obediência às prescrições da Antiga Aliança (Êxodo 29:1-37; Levítico 8: 1-13), quanto pela ressignificação surgida na Nova Aliança, no fenômeno  da Transfiguração do Senhor, comemorada pela Liturgia Cristã (Hemerológio Cristão: 6 de agosto, dia das vestes sagradas).
No fenômeno da transfiguração evidenciou-se a intercomunhão entre as almas encarnadas e desencarnadas, quando alimentadas na comunhão com Deus, pois  Jesus  se transfigurou e suas vestes se tornaram brancas como a neve e junto a ele  apareceram Moisés e Elías (Mateus  17: 1-8; Marcos 9: 2-7; Lucas 9: 28-36).
Esse evento factual da comunhão entre  Deus e Seu Povo, entre Jesus Cristo e os Membros do Seu Corpo Místico, que se consubstancia na Comunhão do Santos que estão na glória e os que estão na militância terrena, se renova sempre quando dois ou três se reúnem em nome de Cristo para  pedir alguma coisa em seu nome (Mateus 18: 20), ou para celebrar a sua memória (Mateus 26: 26-30;Marcos 14: 22-26;Lucas 22: 14-20), para fazer a anamnese crística. Disto se subtrai a importância que o religioso deve dar às suas vestes religiosas, pois elas falam  da significância da sua vida, sempre e em qualquer momento na presença de Deus, mas obrigatoriamente do revestimento da nova criatura nos momentos das celebrações. Se quem está em Cristo é uma nova criatura conforme o modelo de Cristo, no momento das celebrações o religioso deverá revestir-se dessa nova criatura e é isto que as vestes sagradas  deve significar para ele..
Ao tomar uma veste religiosa, o religioso deve internalizar este compromisso de ser uma nova criatura conforme o modelo deixado por Cristo.
A Tradição da Vestidura na ICAI-TS, além da herança bíblica, se inspira também no Ministério Profético de Elias, que ungiu  Eliseu como seu profeta substituto e que lhe deixou seu manto como  herança (1 Reis 19: 15-19; 2 Reis 2: 11-14). Assim, quando a Igreja de Cristo confere a um de seus filhos ou filhas a imposição das Vestes Religiosas (Normas Canônicas), ela está lhe conferindo  a herança de sua tradição, devendo portanto, haver uma séria preparação do candidato ou candidata, para que ele ou ela possa assumir as responsabilidades que esta cerimônia lhe impõe como ônus.
 Que Deus abençôe a vida de todos nós
  Dom Felismar  Manoel  -  Bispo Primaz



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